Por que ser Lixo Zero?

Por que ser Lixo Zero?
Por que existe Lixo? Por que, ao chegarmos em uma praia, ou qualquer paisagem, onde a natureza deveria prevalecer, nos deparamos com lixo? Embalagens plásticas, garrafas pets e uma infinidade de resíduos indevidamente descartados.
O motivo e a resposta para tal questão está fundamentada no fato de não conseguirmos visualizar, de forma integral, o sistema produtivo no qual estamos inseridos. Nossos métodos de produção são lineares: Extraímos os recursos naturais, processamos, consumimos e descartamos. E nosso papel nessa cadeia produtiva, em geral, se resume a consumir e descartar, desde as primeiras horas da manhã, seja no creme dental ou no sabonete que usamos para lavar as mãos.
Não associamos que um copo plástico é um punhado de petróleo que foi extraído a duras custas e dificilmente enxergamos que uma folha de papel é o pedaço de uma árvore. Portanto, lixo existe porque as pessoas não sentem-se parte dessa cadeia, estão desconectadas do meio ambiente do qual vieram os recursos usados para produzir seus bens de consumo e creem que eles sejam abundantes e infinitos.
E ao nos encontrarmos desconectados do meio ambiente, sem entender que estamos consumindo a própria natureza, há de se compreender porque as pessoas jogam o lixo em qualquer lugar. A concepção mais errônea que temos é a de “Jogar fora”. Estamos acostumados a enxergar a lixeira como um grande buraco mágico que faz desaparecer tudo aquilo que não queremos mais, porém, a pergunta que fica é: Onde é “fora”?
Do ponto de vista do planeta, não existe fora, todo o lixo vai parar em algum lugar, você pode não saber onde é, e não se sentir mais responsável por ele, mas com certeza ele terá um destino. Cabe a você decidir se será correto ou não. Quando o lixo é descartado inconsequentemente no meio ambiente, seu destino mais provável são rios e oceanos, prejudicando todo o ecossistema aquático e consequentemente a qualidade da água que consumimos, nosso recurso mais precioso.
É fato a existência de ilhas de plástico em nossos oceanos que têm duas vezes o tamanho do estado de São Paulo, além dos milhares de registros de animais que ingerem partículas plásticas e tem suas vidas abreviadas. Hoje no Brasil, o sistema de gestão dos resíduos e a legislação vigente, consideram os aterros sanitários como destinos corretos para o lixo, e é esse o destino de boa parte do que é gerado.
Porém, um aterro sanitário é, basicamente, um grande cemitério onde os resíduos são enterrados e passarão séculos até serem decompostos. Uma alternativa pouco inteligente, pois estamos inutilizando toneladas de recursos naturais diariamente. Nesse contexto, todo esse lixo gera diversos problemas, estamos esgotando nossos recursos sempre que precisamos extrair mais matéria prima da natureza ao invés de reutilizar e reciclar o que já está disponível. Lixo depositado de maneira incorreta contribui para mudanças climáticas, ocasionadas pela emissão de gases provenientes da decomposição desses materiais. A poluição de rios, oceanos, solos, e o ar que respiramos, contribuindo para destruição de espécies e ecossistemas. Problemas urbanos como entupimento de canais e enchentes, e muitos outros.
Para ajudar a contextualizar e entender porque lixo é um grande problema, alguns dados:
– Estima-se que um Brasileiro produza 1 Kg de lixo diariamente (UNIFESP)
– Segundo o relatório “What a Waste: A Global Review of Solid Waste Management” do Banco
Mundial, são produzidos anualmente 1,3 Bilhões de toneladas de Lixo no mundo
Essa assustadora quantidade de lixo mostra que temos que repensar nossa relação com os resíduos que geramos.
Mas afinal, o que é Lixo?
Se analisarmos de perto nossa lixeira, veremos que ela é composta de diversos tipos de resíduos, que se corretamente separados poderiam ter um destino muito mais nobre, sendo reutilizados e reciclados. O mais irônico é perceber que somos formatados para organização, tudo a nossa volta é organizado, as gavetas de nossas cozinhas, as roupas em nossos armários, a nossa mesa de trabalho, as carteiras de uma sala de aula, as prateleiras de um supermercado, tudo possui um padrão de organização.
Porém, tudo isso é esquecido quando tratamos dos nossos resíduos, não fazemos a separação básica, não classificamos e pouco pensamos no seu destino. Portanto, lixo é essa mistura, essa “meleca” que não pode mais ser utilizada para nada. Quem cria o lixo somos nós, no exato segundo em que decidimos que aquilo não tem mais utilidade, e descartarmos de maneira incorreta impossibilitando outro destino mais adequado.
Então, é fácil vermos, que com um pouco de cuidado e organização, encaminharíamos nossos resíduos corretamente e o lixo deixaria de existir. É esse tipo de raciocínio que o Conceito Lixo Zero visa estabelecer. Repensar nosso modo de consumo, nossos meios de produção. Recusar produtos e materiais que impactam negativamente o meio ambiente. Reduzir a quantidade de resíduos gerados. Reutilizar ao máximo todos os bens e produtos que possuímos, Reciclar aquilo que não pode mais ser utilizado e diminuir a quantidade de resíduos encaminhada para aterros e incineração.
O Conceito Lixo Zero tem como premissa a correta separação e a destinação correta de cada tipo de resíduo. Visa estabelecer uma economia circular, em que os resíduos possam ser reinseridos na cadeia evitando a extração de novos recursos. E acima de tudo o consumo consciente, a pró-atividade para buscar soluções e a responsabilidade de cada pessoa pelos resíduos gerados.
 Escrito por Gustavo Ritzmann  ele é Diretor na Rastro Soluções Sustentáveis. Engenheiro de produção pela UDESC, Permacultor e Educador. Dedicado a constante pesquisa de novos conceitos e soluções, desenvolvimento de conteúdo e didáticas educacionais de acordo com Disbrave

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